“É uma categoria em extinção, pois além de não exigir diploma, a cada novo dia ´nasce´ alguém dizendo ser jornalista, sem nunca ter escrito um parágrafo. Essa é a nossa realidade”, disse Diovano César dos Santos, radialista e ex-presidente do Clube de Imprensa de Ponta Porã (CIPP), durante o debate sobre a profissão de jornalista em tempos de redes sociais, no PodCast ´Diálogo´ realizado nesta quarta-feira, 09, na sede da entidade.
Participaram da live o presidente do CIPP, radialista Luiz Lobato, o advogado e jornalista Firmino Benitez, membro da Sociedade Paraguaya de Periodistas, o jornalista Carlos Monfort, co-fundador do Clube de Imprensa de Ponta Porã e o radialista Paulo César Aleixo.
O jornalista Firmino Benitez, representando a categoria em Pedro Juan Caballero disse que a profissão é uma das mais difíceis e complexas de trabalhar e que na fronteira essa relação se torna ambígua se o profissional não ter ética e responsabilidade.
“Temos colegas que enveredaram para um lado obscuro e todos nós sabemos o que aconteceu”, disse Firmino, ao citar os casos de homicídios de jornalistas na fronteira entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero. O radialista Diovano César lembrou dos casos de Paulo Rocaro, assassinado em fevereiro de 2012, e Léo Veras, morto a tiros no mesmo mês em 2020.
“E temos outros casos de colegas do lado paraguaio”, disse o radialista Luiz Lobato, citando as complexidades da atividade na profissão. Ele citou que a questão da relação do jornalismo com casos policiais e a política exigem muito cuidado e zelo por parte dos profissionais da imprensa na fronteira.
Firmino Benitez disse que no Paraguai essa relação é mais complicada ainda “haja visto que muitos jornalistas têm relação além da profissão e muitas vezes isso se torna perigoso chegando às vias de fato em todos os sentidos”, afirmou.

Paulo César Aleixo disse que dos presentes à bancada do PodCast ele é o “mais jovem”, mas que sempre atuou na profissão tendo zelo para bem informar seus ouvintes. “Tenho orgulho de ser radialista, gosto da profissão. Fiquei uns três anos afastado e estamos voltando, sempre com a mesma vontade de fazer o melhor”, afirmou.
O jornalista Carlos Monfort citou que está completando trinta e um ano de profissão em setembro próximo e que já “vivenciou de tudo um pouco” nesse tempo de atividade. Ex-diretor do Jornal da Praça, correspondente de jornais de outras cidades e Estados, Carlos Monfort afirmou que a experiência ensina que o bom senso e a distância ética na profissão são os grandes diferenciais para ser manter “presente e vivo” na profissão na região de fronteira.
“Sabemos que muitas vezes o lado obscuro é atraente, as ofertas são boas mas saber lidar com isso é fundamental”, afirmou o jornalista.
O presidente do CIPP, Luiz Lobato agradeceu a presença dos jornalistas afirmando que “antes de mais nada a responsabilidade no exercício da profissão é fundamental para levar a informação da melhor forma possível, transmitindo a notícia de forma imparcial, amena, segura nos detalhes”, ponderou.