A Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul (Iagro) está investigando a morte de 1,1 mil cabeças de gado no confinamento da Marca 7 Pecuária, na fazenda Monica Cristina, no município de Ribas do Rio Pardo, a cerca de 40 quilômetros de Campo Grande. Como os animais estavam praticamente prontos para o abate, a estimativa é que a mortandade tenha causado um prejuízo de aproximadamente R$ 2 milhões ao criador Persio Ailton Tosi.
O diretor-presidente da Iagro, Luciano Chiochetta, disse ao G1 que as mortes começaram a ocorrer na quarta-feira passada (2) e que na sexta-feira (4) o proprietário comunicou ao órgão, que enviou uma equipe até o local. A suspeita, conforme ele, é de intoxicação por toxina botulínica, que teria ocorrido quando os animais ingeriram silagem úmida de milho, que estava embolorada.
A suspeita clínica de morte do gado por botulismo, conforme Chiochetta, é fundamentada nos sintomas que os animais apresentavam quando estavam morrendo como: andar cambaleante e paralisia dos membros posteriores e depois dos inferiores até que ficavam deitados no chão. Depois o quadro se agravava com a paralisia total e parada cardiorrespiratória.
Ele explica que uma equipe da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), que esteve no local, antes da chegada dos técnicos da Iagro, coletaram amostras que estão sendo analisadas nos laboratórios da agência e vão ajudar a confirmar as suspeitas da causa da morte dos animais. “Foram coletadas amostras do fígado e do rúmen dos animais mortos, da ração úmida de milho, da silagem comum, do feno e da água”, explica.
O diretor-presidente da Iagro comenta que as suspeitas de que os animais tenham se intoxicado em razão da ingestão de silagem úmida embolorada porque esse produto é o que oferecia as condições mais propícias a proliferação da bactéria que causa o botulismo. “Outro tipo de silagem, a seca também de milho, foi oferecida além do gado a outros animais que não apresentaram sintomas da intoxicação. Além disso, logo que foi suspensa a alimentação dos animais com a ração úmida, as mortes terminaram, mas seguimos monitorando”, explicou.
Ele também descartou a possibilidade da contaminação ter ocorrido em razão da água que o gado consome, porque os reservatórios foram limpos recentemente e outros animais da propriedade que ingerem o mesmo produto não apresentaram sintomas de intoxicação.
Chiochetta ressaltou em relação a morte dos animais que se trata de uma suspeita clínica de botulismo e não de uma doença infectocontagiosa. “O botulismo é uma intoxicação que ocorre por toxina, por conta de uma bactéria que encontrou condições ideais para se multiplicar. Não é transmissível. O animal ingeriu alimento contaminado com a toxina da bactéria”.
O diretor-presidente da Iagro revelou ao G1 que os animais mortos estão sendo enterrados em uma vala de 4 metros aberta em uma área elevada da própria propriedade. Em relação a outros 500 animais do confinamento que não morreram, ele disse que estão sendo monitorados, mas que houve uma mudança na alimentação.
Chiochetta diz que ainda nesta terça-feira a Iagro deverá divulgar uma nota técnica sobre o caso.
Posição da empresa
O criador Persio Ailton Tosi divulgou no fim da manhã desta terça-feira uma nota onde aponta que todos os animais da propriedade, especialmente, os do confinamento já tinham sido vacinados, atendendo em obediência ao que recomenda o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), e que logo que começaram a ocorrer as mortes de animais, foi acionada a UFMS e a Iagro e que todas as providências pertinentes foram tomadas, sendo um caso isolado, que não demanda uma preocupação com doença desconhecida ou epidemia.
Aponta ainda que a suspeita clínica é de botulismo, mas que é prematuro se antecipar aos lados de laboratório e diagnóstico dos técnicos convocados.
G1-MS