Um grupo de caminhoneiros obstruiu parcialmente o tráfego – por cerca de quatro quilômetros e por pouco mais de três horas – na BR-163, em Lucas do Rio Verde (MT), para protestar contra a visita do presidente Michel Temer (PMDB) à cidade para participar da inauguração de uma usina e da abertura simbólica da colheita de algodão na região.
“Temer está inaugurando uma usina, mas não é bem-vindo na nossa cidade pelo fato de estar envolvido nesses atos de corrupção. Ele usou dinheiro da população para comprar o apoio dos deputados e se salvar na cadeira de presidente”, disse o caminhoneiro Gilson Baitaca, um dos líderes do movimento de transportes de grãos do Mato Grosso. Ele lamentou o resultado da votação na Câmara dos Deputados, que barrou a denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente por corrupção passiva. Baitaca também criticou o aumento da alíquota de PIS/Cofins sobre combustíveis.
“O maior custo do transporte é com combustível. Com esse aumento, ele impactou em torno de 10% o preço do óleo diesel, o preço passou de R$ 3 para R$ 3,30 aqui. Todo o setor produtivo, inclusive a agroindústria, está pagando essa conta”, disse. “Nós, caminhoneiros, estamos cumprindo o dever com a pátria ao protestar contra esses atos de corrupção e de abuso de poder. O presidente está tirando alimento da mesa do trabalhador para cobrir os custos da corrupção”, afirmou.
Afago aos ruralistas
Esta foi a primeira viagem de Temer ao Mato Grosso e simbolizou mais um afago ao agronegócio. Um dia antes da votação na Câmara que arquivou a denúncia por corrupção passiva contra ele, o presidente se reuniu com a Frente Parlamentar Agropecuária e anunciou concessões como refinanciamento de dívidas e redução da alíquota da contribuição de empregador rural para seguridade social. O apoio da bancada ruralista foi fundamental para a vitória do peemedebista na votação.
Além da cerimônia de abertura da colheita de algodão, junto com o ministro Blairo Maggi(Agricultura), Temer inaugurou a usina da FS Bioenergia, a primeira brasileira de etanol que utiliza milho em 100% de sua produção. A FS Bioenergia – joint venture entre a Fiagril Participações, do Brasil, e a Summit Agricultural Group, dos Estados Unidos – investiu cerca de R$ 450 milhões na usina, cuja capacidade inicial prevista é da ordem de 240 milhões de litros de etanol por ano.