Acompanhando a intervenção do governo federal no Rio de Janeiro, as autoridades de Mato Grosso do Sul também reivindicam "atenção especial" da União com a segurança pública na fronteira com a Bolívia e Paraguai. O pedido, já antigo, de mais investimentos na região é reforçado agora que houve a intervenção no Rio de Janeiro, com destaque para a solicitaão de aumento de efetivo da Polícia Federal e até uso do Exército em algumas situações.
O secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, defende que a ação no Rio de Janeiro teria que contar com outros planos de segurança que incluíssem as regiões de fronteira, entre elas, em Mato Grosso do Sul. "O investimento e atuação precisa ser constante, já que se trata da entrada de drogas, armas e contrabando rumo às grandes cidades".
Ele ponderou que o governo estadual já requisitou aumento de efetivo da Polícia Federal e PRF (Polícia Rodoviária Federal) na fronteira, além de repasse de recursos, como indenização, pelos gastos do Estado com os "presos federais", oriundos de tráfico de drogas e armas.
Convênio - "Já temos uma ação (judicial) no Supremo Tribunal Federal requisitando estes valores, além de rediscutir nossa cooperação no combate ao tráfico, que é de competência da Polícia Federal", disse ele, lembrando que só ano passado, as forças (segurança) estaduais apreenderam 427 toneladas de drogas.
Videira ponderou que este "convênio" deve ser rediscutido com a União, para que as forças estaduais trabalhem apenas no apoio e não a frente do combate ao tráfico. "Vamos conversar sobre esta contrapartida que está ínfima da União, de forma civilizada, mas que precisa mudar".
Conjunto - O comandante do DOF (Departamento de Operações de Fronteira), o coronel Kleber Haddad Lane, afirmou que o combate ao tráfico no Rio de Janeiro só teria resultados práticos, se houvesse ações de forma simultânea, na fronteira.
"A União deveria fazer um trabalho ostensivo, com aumento de efetivo na Polícia Federal na fronteira, para realmente ajudar, tendo combate em toda as divisas no Brasil". Para o comandante o próprio Exército Brasileiro poderia "atuar junto" na região, contribuindo com as demais forças de segurança.
Medidas - O advogado com experiência em segurança pública, Rui de Oliveira, seguiu o mesmo discurso, ao entender que esta ação no Rio de Janeiro trata-se de "medidas paliativas", que não trazem resultados efetivos. "O tráfico é nacional, inicia-se em Ponta Porã ou na divisa com a Bolívia, só combater nas grandes cidades não resolve".
Ele também defende "medidas conjuntas" entre as policiais estaduais, Polícia Federal, tendo a participação do Exército para mudar o cenário. "Ação planejada na região de fronteira, para que o Estado Brasileiro tenha o controle deste território, assim poderia ajudar a segurança nacional".
Campograndenews