Para 27% dos universitários, abusar de garota bêbada não é violência
Educação
Publicado em 03/12/2015

Uma pesquisa feita com homens e mulheres estudando em universidades brasileiras mostra que 27% dos homens entrevistados acreditam que, se uma garota tiver bebido demais, abusar dela não é uma forma de violência. A pesquisa "Violência contra a mulher no ambiente universitário", realizada pelo Instituto Avon e pelo Data Popular e divulgada nesta quinta-feira (3), também afirma que 14% dos homens e mulheres estudantes conhecem casos de mulheres estupradas, 13% dos homens já cometeram pelo menos um tipo de violência sexual, e 28% das mulheres já sofreram algum tipo de violência dessa natureza.

A pesquisa consultou especialistas e coletivos de estudantes universitárias para definir uma lista de tipos de violência contra a mulher. Entre os exemplos estão a agressão física, o estupro, o assédio sexual, a coerção (ser obrigada a ingerir bebidas alcoólicas ou drogas, ou ser drogada sem consentimento).

Também são consideradas violência a desqualificação intelectual e a agressão moral ou psicológica, inclusive ser xingada por rejeitar uma investida e ser incluída em rankings de beleza ou atributos sexuais sem autorização (veja todos os tipos de violência ao final da reportagem).

O levantamento ouviu um total de 1.823 estudantes de graduação e pós-graduação de todo o país: 1.091 são mulheres e 732, homens. A maior parte dos entrevistados são da classe média (53%) ou alta (36%) e 76% deles estudam em universidades e faculdades particulares. As perguntas envolveram tanto as atividades que ocorrem dentro das salas de aula como nos demais ambientes universitários, incluindo as festas e confraternizações entre estudantes.

Tanto os homens quanto as mulheres concordaram, na maioria das vezes, que a violência contra a mulher deve ser um tema debatido nas aulas, e que as faculdades precisam "criar meios de punir os responsáveis por cometer violência contra mulheres na instituição".

Percepção dos homens

De acordo com o documento, "algumas das violências listadas são ainda vistas por boa parte dos rapazes como consequências naturais do comportamento da mulher ou brincadeiras sem intenção de ofender ou intimidar".

Aos homens, os pesquisadores perguntaram "quais das seguintes ações feitas contra uma mulher nas dependências da instituição de ensino, festas acadêmicas, competições ou trotes são formas de violência". Além de apenas 27% dos entrevistados terem dito que "abusar da garota se ela estiver alcoolizada" não é uma violência, 35% disseram que também não é uma violência "coagir uma mulher a participar de atividades degradantes, como desfiles e leilões".

 

Repassar fotos ou vídeos das colegas sem autorização delas não foi considerada uma forma de violência para 31% dos homens que participaram da pesquisa.

G1

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