♪ RETROSPECTIVA 2020 – Duas das 10 músicas mais ouvidas em plataformas de streaming no Brasil, ao longo de 2020, foram gravadas por Henrique & Juliano (foto), dupla do Tocantins.
O sucesso massivo das gravações de Volta por baixo (Gabriel Agra, Thales Lessa e De Angelo) e sobretudo Liberdade provisória (Elvis Elan e Henrique Castro) mostrou que, entre funks, pisadinhas e bregadeiras, a música sertaneja ainda domina o mercadão musical em reinado sólido.
A permanência de Marília Mendonça nas playlists mais populares – sobretudo com a gravação de Graveto (Edu Moura, Matheus Di Pádua e Normani Pelegrini), música lançada pela cantora em janeiro – confirma o domínio sertanejo, por mais que o forró tenha crescido no mercado.
No mainstream, a propósito, o forró estilizado dos Barões da Pisadinha – duo baiano formado pelo tecladista Felipe Barão com o vocalista Rodrigo Barão – gerou hits como Recairei (Shylton Fernandes, Luciano Lima, Jimmy Luzo e Thiago Rossi) e popularizou o piseiro, espécie de forró calcado nos teclados que bombou nos paredões do Brasil em quarentena.
No reino do brega-funk, JS o Mão de Ouro continuou imperando, sobretudo com Tudo ok, música gravada por JS com Thiaguinho MT e Milla. No funk, o paulista MC Niack foi o destaque por conta do sucesso de Na raba toma tapão e Oh Juliana.
Contudo, por estar estruturado em nichos, o mercado da música no Brasil também seguiu o tom da diversidade. Se o chamado grande público se dividiu entre a pisadinha e a sofrência sertaneja, consagrando também a bregadeira baiana, outras parcelas da população se permitiram ouvir sons menos industrializados.
No universo do hip hop, BK se agigantou com o álbum O líder em movimento, Jup do Bairro se dissociou de Linn da Quebrada com o EP Corpo sem juízo e Emicida se consagrou com o afetuoso documentário AmarElo – É tudo pra ontem. No samba, Fabiana Cozza confirmou a majestade com o álbum Dos Santos.
Na ala da MPB, as movimentações provocadas nas redes sociais pelas duas concorridas lives de Caetano Veloso ratificaram o permanente poder de sedução da geração de cantores e compositores surgidos nos anos 1960.
Enquanto Gal Costa rebobinou o próprio repertório em duetos com elenco masculino de gerações mais jovens, Maria Bethânia entrou em estúdio para gravar álbum ainda inédito em que canta músicas de Adriana Calcanhotto, Chico César e Tim Bernardes.
Já Marisa Monte, elo da MPB com o pop brasileiro, apronta para 2021 o primeiro álbum solo de músicas inéditas desde 2011.
Enfim, o mundo mudou em 2020, mas, na indústria da música do Brasil, ainda imperou o velho normal. E que venha 2021!